quarta-feira, 2 de março de 2011

Brasileiros fazem o cume do Fitz Roy, parabéns Ratinho !

EEEIIAIIAAAAA!!!!
SAIU LOCOOOOOO!!! CRAVEI O BICHANO!!!!!!
CUME DO FITZ FOY FEITO!!!! AGORA SIM JA POSSO VOLTAR TRANQUILO!!!!

Muito massa. Saímos, eu o Julio Campanella no sábado pro Passo Superior ( alta caminhada alpina ) e nos instalamos no bivac la pelas 4hs da tarde. Tinha um montão de gente pra atacar o Fitz também, como umas 5 cordadas. Engolimos o bivac gelado só no saquinho e as 11 hs da noite nos levantamnos pra comer e ir atacar a famigerada brecha dos italianos, pela 1h da manhã de domingo estavamos em marcha cruzando o glaciar do passo superior cheio de greta sinistras ( iamos encordados eu na frente abrindo caminho e seguindo tres argentinos que sairam
primeiro que nos ), saltei varias gretas e entrei com uma perna dentro de uma pequena.
Sobe, sobe, chegamos ao pé da brecha lá pelas 3hs da manhã e ai nos preparamos pra trepar a rymaia ( sinistra ) e escalar os 300 metros de misto e 5 grau. Demoramos um pouco porque logo encostou um espanhol e um argentino e nos embolamos um pouco, mas tiramos pra arriba. Chegamos no topo da silla dos franceses ( pè da rocha ) la pelas 9hs da manhã e ai estava uma muvuca !!!

Tinha um casal logo na segunda cordada ( que não se moviam ) e uma cordada de Barilhoche logo por baixo na
primeira cordada, os três argentinos no pé da via esperando pra entrar e nòs que chegamnos seguidos do espanhol e o argentino. Esperamos ao sol ( dormi um pouco ) e os três argentinos entraram na 1ª cordada ( um 6a ) mas não se moviam os fia da puta. Julio começou a falar em descer, desistir e a situacão começou
a ficar tarde, já eram quase meio dia ! O normal é começar a parte de rocha as 7 hs !
O argentino que estava com o espanhol resolveu desistir, ia baixar e nos perguntou se nós aceitávamos o espanhol ( se chama Ino).
Dissemos que sim que íamos escalar e que ele podia vir conosco, tinha que ver o loco, tava quase chorando pra escalar, a parte o dia tava ducaralho.
Bom, peguei a ponta da corda e comecei o baile, passei voando pelo 6a., o Julio e o Ino vinham escalando juntos limpando e na 3ª cordada pedi licença pros três argentinos pra passar porque eles iam igual a uma tartaruga e a parede jorrava água das fendas porque o verglas tava derretendo com o calor que fazia.
Passei os argentinos e comi um 6b+ molhado, frio e de 50 metros em um diedro, da-lhe friends. Depois guiei uma cordada mais e passei a bola pro Julio. Ele guiou também umas 5 cordadas e passou pra mim de novo, (o espanhol não escalava muito bem em rocha ) fiz um par de cordadas e encarei a última pra sair na rampa de neve que dá acesso ao cume, um 6c ( francês) duro e gelado ( já eram umas 9 hs, quase noite aqui ), artificializei o passo de 6c e meti o restante em livre, subiram os loco e dai comecou a epopèia.
A tal rampa final não tem nada de facil, maior robada. De noite, de lanterna, um frio ducaralho, eu tava com todas as roupas e cagado de frio, nunca passei tanto frio em minha vida (estou com os dois dedão do pé insensíveis, dormentes ainda). Foram um 300 metros de misto a 50º graus um gelo petrificado pelo vento
que nem os crampom agarravo direito. Esse tramo passamos a bola pro espanhol conmo forma de ele pagar o arrego que demos pra ele. O bixo foi bem, de piqueta e crampom foi encontrando o caminho, mas demorava muitissimo. Essa parte final do Fitz é enorme e ruim de se orientar. Eu assegurava e as vezes o Julio assegurava enquanto eu tentava dormir batendo queixo. Já eram 2hs da madrugada de segunda e nada de cume e a moral baixando, desidratados, com fome, e perdidos. Aumentou o vento.
Então chegamos ao pé de uma trepada de rocha e gelo e decidimos parar, tava muito sinistro, eu não conseguia parar acordado, dormia até escalando de segundo. Da-lhe, engolimos aquele bivac famoso quase no cume. Eu construi uma espécie de taipa, pirca de pedra pra me proteger do vento e organizei a favela brasileira ( plástico, manta térmica, mochila pra entar dentro e essas coisas ) o Ino entrou pra dentro da bolsinha de bivac de mariconeo da The Nort Face maricon !!! O Julio acho que nem dormiu, ficou derretendo neve com o jetboil e disse que dormiu um pouco até que ferveu a água e derramou entre as pernas dele.

Sonhei um pouco aqueles sonhos quando se está em casa quentinho. De repente a galera te acorda e tem que encarar a dura realidade, na puta que pariu, gelado, fudido, cansado, exposto e como uma formiga pronta pra ser varrida da face da terra. Acordamos com o sol nascendo, engolimos um liofilizado e olhamos a parede final, não era mais tão feia quanto parecia de noite, era uma trepindanga entre blocos e gelo. Da-lhe pra arriba, 30 minutos e o cume do Fitz Roy com o sol nascendo loco.
Ficamos uma hora no cume sacando fotos e rindo, dava pra ver tudo embaixo, Poincenot, Guillamet, El Chalten e inclusive o Cerro Torre já não era tão imponente.
Comemoramos e começamos a caravana da coragem !!!
Descer todo morro, rapel e rapel sem fim, mas por sorte deu tudo certo, a corda trancou só um vez e foi fácil reverter
.


Parabéns Ratinho !!!

Um comentário:

guta disse...

parabéns mesmo, galera! um orgulho pra escalada brasileira e gaúcha