quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Mais um brasileiro no cume do Aconcácagua - Parabéns !!!



Hola Brasil, como están???

Eu e o Pablo já estamos de volta a Mendoza recuperando o cansaco do Aconcágua!

Chegamos a MDZ, vindos do Brasil, em 12/12. Alugamos os equipamentos, a mula e compramos os permissos. Entramos no Parque Provincial Aconcagua em 14/12, ultimo dia da temporada!
Planejamos a nossa ascensão da seguinte maneira:

DIA 1 - Mendoza ao acampamento Confluência.
DIA 2 - Caminhada até Plaza Francia e volta a Confluência.
DIA 3 - Confluência a Plaza de Mulas.
DIA 4 - Descanso para aclimatação em P. de Mulas.
DIA 5 - Descanso para aclimatação em P. de Mulas.
DIA 6 - Porteio ate Plaza Canada e volta a P. de Mulas.
DIA 7 - Subida a P. Canada, porteio a Nido de Cóndores e volta a P. Canada.
DIA 8 - Subida a Nido de Cóndores.
DIA 9 - Porteio ao acampamento Cólera e volta a Nido de Cóndores.
DIA 10 - Subida ao Cólera e preparação para o ataque ao cume.
DIA 11 - Ataque ao cume e volta a Cólera.
DIA 12 - Descida a P. de Mulas.
DIA 13 - Descida de P. de Mulas para Puente del Inca e depois à Mendoza.

E seguimos a risca!
O clima esteve excelente durante toda a escalada, somente com muito vento e frio (já esperados). Isso fez com que abreviassemos em 2 dias o planejamento inicial e tambem pelo fato de estarmos aclimatando bem o organismo. O Pablo quase sempre acordava bem. Eu, quase sempre com aquela característica dor de cabeça latejante devido ao processo de aclimatação, mas era so comecar a me movimentar e já passava!

Para quem nao esta habituado aos procedimentos de alta montanha, os "porteios" acontecem quando temos que levar material para acampamentos superiores. Tudo nas costas. Levamos bastante peso, deixamos no acampamento superior em algum lugar (embaixo de pedras e etc) e descemos para dormir mais abaixo, numa estrategia de aclimatação já consagrada. A mula, que geralmente é contratada para quem quer atingir o cume, pode levar ate 60 Kg e somente até o acampamento base (Plaza de Mulas).



Bueno, a partir de Nido de Cóndores o frio realmente comecou a apertar. A vista do acampamento é fantástica, mas tambem é bastante desabrigado. Quando estavamos chegando, no oitavo dia, presenciamos o resgate do corpo de um paquistanês morto ainda no inicio da temporada, logo abaixo do cume. O helicóptero o buscou depois da Patrulla de Rescate trazê-lo para altitudes menores. O cara tinha todos os equipamentos em ordem, mas estava sozinho. Ninguem sabe o que realmente aconteceu!

Para o ultimo acampamento, preferimos o Colera ao inves de Berlim (distantes uma meia hora um do outro). Nos ultimos anos, os escaladores estao preferindo Colera pois é um pouco acima e a saída para o ataque é um pouco melhor, mais direta. Além disso, Berlim esta meio "sujo" segundo colegas com quem conversamos.

Bom, o ataque ao cume foi extremamente fatigante. Na noite anterior, acordamos às 3:00h (o combinado era sair as 5:00). O vento estava fortíssimo e ficamos aguardando. Pensamos em abortar, mas pelas 4:30 ou 5:00 acalmou um pouco. Até fazer água (a partir do derretimento de gelo), vestimenta, tomar café e etc, saímos às 7:10h, com o Sol ja brilhando. Ficamos um pouco receosos pois, geralmente, não se sai tarde assim para o ataque ao cume (horário limite é 15:00). Se não chegar até esta hora, o prudente é voltar. O lado bom é que, com o Sol, já começa um aquecimento gradual do ar. Mesmo assim, estava muito frio e com vento muito forte! Após passarmos pelo refugio Independencia (um refugio destruido encontrado após 2:30 de caminhada), colocamos os crampons pois havia muito gelo. No Portezuelo de los Vientos (um trecho da via completamente exposto ao vento) o Pablo chegou a perder os óculos escuros numa rajada! Ficamos preocupados pois não tinhamos outro de reserva e a cegueira das neves (provisória) pode comprometer a escalada. Mais a frente, uma dupla de escaladores tchecos emprestou um que tinham de reserva.

Quase no final, a temida Canaleta, um trecho com pedras soltas, perto do cume e extremamente exaustivo. O Pablo sentiu uma tontura devido a hipoxia e ficou descansando em uma pedra. Fui avancando bem devagar, chamando o Pablo, mas ele ja tinha resolvido ficar por ali em um lugar seguro, não arriscando-se mais. Uma hora e meia depois que nos separarmos, exatamente às 15:20h do dia 24/12/2009 cheguei no ponto mais alto da montanha! Tirei uma foto, gravei umas palavras, bebi um pouco de chá e comecei a descida. Momento histórico que durou apenas 15 minutos pra mim! Sempre pensei compartilhando o cume com o Pablo, ou então, que somente ele chegasse, pois ele sempre foi mais forte nos porteios e na aclimatação. Bom, pois ali estava eu, feliz e triste ao mesmo tempo.

A descida foi bem difícil também, pois nós dois estávamos completamente exaustos e desidratados.


Agora estamos em Mendoza nos recuperando das injúrias físicas (bolhas, queimaduras do sol e frio, pequenas hemorragias pelo clima seco, colocando o sono em dia, ...). Estamos bem e, no início de janeiro, voltamos ao Brasil.

Em uma temporada de tempo bom, a estatística é que menos de 20% dos escaladores atinjam seu cume. E este ano, com El Niño, as esperancas eram bem remotas para nós, ainda porque era nossa primeria vez nesta montanha.

O saldo foi altamente positivo: eu cheguei no cume e o Pablo, quase, quase. Além disso, devemos considerar COMO chegamos ao cume, pois a maioria escaladores contratam empresas especializadas para viabilizar a escalada. Fomos inteiramente por nossa conta, o que nos deixa mais orgulhosos ainda!

Bom ano novo a todos e um abraço do tamanho do Aconcagua.



Vanius Pasuch

Cerro Aconcagua
6962 metros de altitude
Maior montanha do mundo fora do Himalaia!
Maior montanha das Americas!
Segundo maior dos 7 Cumes do Mundo!
Seis continentes abaixo dele!

Fonte: www.montanhismogaucho.blogspot.com

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