segunda-feira, 19 de abril de 2010

A Escalada Uni e Separa Casais


Antonio Paulo Faria é o autor do excelente livro "Montanhismo: Paixão e Aventura" e seguidamente ele envia textos para a lista da Hang On. Muitos dos seus textos são bem divertidos e engraçados. Esse que está postado abaixo é um deles. Vale a pena ler:

Talvez a maior contribuição dos clubes, depois de promover nossa atividade, foi a de formar casais escaladores. Lembro até de um casal que escalou o Morro da Penha para se casar no topo (tem uma igreja), eram Juratan e Denise. Aliás, abriram até um via na mesma parede com o nome "Kamikazei". As mulheres costumam falar: "Quer arrumar homem? Então frequente um lugar onde predomina... homem!". Existem e existiram muitos casais montanhistas, entretanto, muitos escaladores gostam mais da montanha/pedra do que das suas próprias mulheres, e isso gerou um monte de serapações. Embora algumas mulhers também tenham feito o mesmo.

No meu caso, casei com uma escaladora/esquiadora americana numa montanha (Sun Valley), um esqui resort em Idaho, EUA. Quando a mulher que realizou a cerimônia pediu para eu repetir as palavras "Você promete ser fiel (faithful)...". A palavra faithful era nova para mim e de pronúncia difícil. Tentei repetir umas cinco vezes e me enrolei em todas. A platéia, composta de 25 amigos americanos e dinamarqueses montanhistas e esquiadores, começaram a desconfiar e alguns riam baixinho. Finalmente eu desisti e disse... "Yeah, yeah... Sure... Whatever...(Tá, tá... Concordo... Seja lá o que for...)". A pequena cabana de madeira na montanha gelada veio abaixo com as gargalhadas, todos estavam tontos de caipirinha. Depois, um colega (Rick Vezzolli) explicou para a mulher casamenteira... "É que ele não sabia se era para ser faithful com a montanha ou com a noiva".

Em tempo - vejo que o montanhismo brasileiro está em decadência por vários motivos, entre eles... - A maioria dos bons escaladores da minha geração, sem contar os mais antigos e os mais novos que sofrem do mesmo mal, não tem filhos. Poderia citar muitos colegas desta lista. Assim, é raro existir montanhistas escaladores(as) puro-sangue. Não seria bom ter novos descedentes como exemplo: Collarzinho ou Collarinho, Ilhinha ou Ilhota, Pitinha ou Pitinho? Enfim, será que a escalada faz mal para a reprodução sexual ou os escaladores são péssimos amantes? Os que tem filhos... Humm, cuidado com o padeiro! Felizmente este não é o meu caso, não tem padaria perto da minha casa!!!

Enfim, este é mais um problema para a CBME e as federações, ou seja, é preciso produzir também sexualmente novos escaladores montanhistas. Um GT para ensinar esta galera a fazer filho pode ser uma boa ideia.

E agora, você concorda que o montanhismo brasileiro está decadente?

Antonio Paulo Faria
Editor da Sex & Climbing)

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